Constelações Sistêmicas e Coaching Sistêmico


O casamento e a individualidade

12/07/2014 10:38

 

Para Hierocles, os humanos nasceram para viver a dois e para viver numa multiplicidade. Então o homem assume ao mesmo tempo o papel de conjugal e social: A relação dual e plural são interligadas.

Um dos principais pontos de atritos de um casal que não respeita a individualidade do outro é a chance de fracassar quando um deseja ser para o outro o centro de todas as atenções.

Na verdade quando na relação a dois este comportamento é estabelecido há uma espécie de amor cego, infantil em evidência, sendo trazido à tona na atual relação. Tal comportamento muitas vezes está relacionado à infância, na relação que obteve de seus pais, ao amor dos pais que a criança não sentiu ou que teve em excesso.

Tanto a falta de amor como o excesso sempre trarão problemas futuros.

No universo feminino a necessidade de ser protegida e de ter filhos é uma vivência estimulada desde criança. A menina tem como seu primeiro homem a figura do pai. Quando ela cresce continua tendo como referência a mesma figura do pai em sua relação com o marido, então busca no marido a mesma sensação de segurança e a de proteção.

No universo masculino, a necessidade do homem é ter uma relação que lhe proporcione significado e sentido. Uma esposa que lhe acolha, lhe compreenda em seus objetivos, lhe apoie seus projetos e lhe dê amor.

Quando casam, porém percebem que há uma diferença gigantesca entre o sonho e a realidade. O marido não cuida e nem protege como o pai e a mulher não é tão compreensiva e nem lhe apoia como a mãe. Estes personagens foram idealizados.

As diferenças veem à tona na relação e o sentimento que antes era de amor, passa a ser o objeto de brigas e conflitos.

Melanie Klein, diz que estes sentimentos também são vistos no bebê quando está com fome e chora e reclama os cuidados da mãe. A mãe o alimenta e então ela passa a ser o seio bom.

Saciar o bebê deixa nele a sensação de prazer e plenitude até a próxima mamada, onde a criança chora, esperneia, sente fome e então o seio passa a ser o seio mal. Mãe boa e mãe má estabelecidas numa única pessoa.

Quando amamos e estamos inebriados de amor pelo outro sentimos prazer, saciados e achamos que nem merecemos tanto assim. Mas quando as diferenças se instalam o outro passa de elemento de prazer a desprazer total.

Sensações e estados de amor na vida do adulto sempre vêm alternados por momentos de desprazer, insatisfação. No amor infantilizado, porém acreditamos que temos o poder de ser tudo para o outro e que o outro não pode e não deve viver sem mim. Isso é pura ilusão, resquício da fantasia infantil.

A única situação em que a dependência total do outro pode trazer qualquer beneficio é na relação do bebê com a sua mãe e só!

Texto escrito por Claudiane Tavares

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